terça-feira, 3 de outubro de 2006

A força das palavras

Que palavras tão fortes a vida nos dá a conhecer, assim abrupta e cruelmente neste pequeno fragmento de infinito a que chamamos vida.
Que palavras tão fortes chovem lá fora, para lá da janela dos nossos refúgios, onde além da nossa imaginação se morre por palavras onde caem bombas, onde Deus se esqueceu de sussurrar, onde a vida se estraga como se nada valesse, como se fosse erva daninha no jardim do universo.
Que palavras fortes as que ouvimos, as que sentimos a gritar em nós e as que gritam o desespero, a ansiedade, a fome, a agonia e a tristeza, até a voz de parir é forte, até o recém nascido grita a sua palavra como nunca mais gritará, grita com a ânsia de quem acabou de chegar e anuncia ao mundo que é mais uma palavra no jogo do dizer e do escutar, que palavras fortes as que ouvirá.
Que o novo ano suavize o embate das palavras mais pesadas, que as palavras mais duras mantenham no seu âmago a sua força, mas percam as suas arestas e a sua casca se torne macia, que o pensamento não seja uma arma de engatilhar palavras e de as disparar boca fora às cegas contra a multidão, que o propósito das palavras não doa nos já tão flagelados egos alheios.
Que as palavras se mantenham de pé, unidas pelo cimento da coerência como tijolos da sociedade.

1 Comentários:

Blogger Lambda disse...

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02:49  

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